☼ Algumas perguntas??

O que é fobia social?
A fobia social é caracterizada por uma intensa ansiedade e um medo persistente diante das situações sociais.  Estas situações são temidas e muitas vezes evitadas ou suportadas com ansiedade e sofrimento que acabam interferindo significativamente na rotina, no funcionamento ocupacional, nas atividades sociais e relacionamentos interpessoais. Geralmente, o fóbico social apresenta um medo excessivo de ficar embaraçado ou sentir-se humilhado frente aos outros, havendo portando, uma esquiva de situações que envolvem o contato social.
 Qual a diferença entre timidez aceitável e fobia social?
Inicialmente devemos considerar que todos nós sentimos ansiedade e timidez em algumas ocasiões. A timidez pode aparecer apenas como um traço da personalidade e isso não impede a pessoa de encarar as situações rotineiras.  É natural sentir-se acanhado quando se é observado, esse desconforto até certo ponto é normal e aceitável.
Podemos considerar a timidez como patológica, a partir do momento em que a pessoa sofre algum prejuízo pessoal devido a seus comportamentos, exemplificando, podemos dizer de uma pessoa que sente pavor somente com a ideia de ir a uma festa ou a qualquer outro evento social, um medo ao ponto de evitar todo e qualquer tipo de contato social. Neste caso esta pessoa apresenta um comportamento incomum e prejudicial, sentindo insegurança, temendo seu desempenho e o grau de ansiedade é intenso, aqui não estamos falando de uma timidez normal ou uma vergonha e sim de uma patologia, pois há um comprometimento na qualidade de vida.
 O que justifica esse transtorno de comportamento?
No caso da fobia social existem estudos que comprovam que em aproximadamente 30% dos casos estão relacionados a fatores genéticos. Além da vulnerabilidade genética, as vivências complexas na infância são fatores a serem destacados. Podemos citar situações atribuladas e negativas vividas na infância, que trazem um aprendizado ruim e uma distorção de pensamento, que podem ser fonte do início do transtorno, pois, a infância é um período de adaptação onde o medo aparece como algo pertinente à sobrevivência. Crianças maltratadas pela família, na escola e que vivenciam experiências marcantes de rejeição e sofrimento no relacionamento interpessoal, são mais suscetíveis ao aparecimento do transtorno.
 Quais sintomas podem aparecer no corpo quando uma pessoa apresenta um quadro de fobia social?
Inicialmente, podemos afirmar que existe uma ansiedade necessária como um mecanismo de adaptação do organismo, que é comum e presente em todos nós. Porém, quando a pessoa sofre de uma patologia, aqui destacamos a fobia social, essa ansiedade se dá de forma negativa, ou seja, a mente entra desnecessariamente em estado de alerta, entendendo que existe risco e ameaça, havendo uma distorção da real vivência, seja vindo do mundo externo ou da experiência interna, quando isso acontece o corpo reage.
As reações mais comuns no corpo são: palpitações, falta de ar, tontura, sensação de desmaio, rubor na face, sudorese, embaçamento da visão, tremor no corpo, dor de barriga, entre várias outras. É comum o ansioso fantasiar que as pessoas estão notando seus sintomas. Acreditando neste pensamento vai sentindo uma maior insegurança, aumentando ainda mais as sensações no corpo, mesmo que ninguém esteja olhando ou a avaliando, existe um sofrimento com a distorção do pensamento e o receio que percebam sua ansiedade. Especificando, no transtorno de fobia social normalmente ocorre essas situações citadas que trazem como defesa o comportamento de esquiva e medo das situações sociais.
 Como os pais podem reconhecer os sintomas da fobia social nos filhos?
Os transtornos ansiosos encontram-se entre as doenças psiquiátricas mais comuns em crianças e adolescentes. Os pais devem estar sempre atentos aos comportamentos de seus filhos. É comum a criança apresentar habilidades para interagir com familiares, porém, a ansiedade acontece em contextos sociais que envolvem a necessidade de interagir com outras crianças ou adultos.
A maioria das crianças não expressam claramente os sintomas, mas os mesmos podem ser identificados através do choro, da raiva juntamente com a agressividade ou afastamento de situações sociais em que haja pessoas que não são familiares ou do convívio da criança.  É comum, os pais ou professores ouvirem dessas crianças queixas como: medo de falar em sala de aula, desconforto de comer na cantina perto de outras crianças, medo de ir a festas, ou participar de comemorações escolares, dificuldade de ler em sala de aula, dificuldade de usar banheiros públicos, problemas em dialogar com figuras de autoridade, além de terem problemas com a participação nas brincadeiras que exige interação.
Crianças que apresentam o quadro que caracteriza o transtorno, comumente demonstram preocupações fora dos padrões infantis, trazendo um medo excessivo, além de sintomas físicos como: vômitos, dores de cabeça e diarreia, quando expostas a situações sociais.  Entendemos que independente da presença de um quadro patológico, os pais devem estar sempre atentos aos comportamentos dos filhos, só assim é possível observar e compreender quais comportamentos estão fora de um padrão   que chamamos de “normal”. Falamos aqui de uma doença que pode acontecer precocemente, a identificação de crianças com alto risco para o desenvolvimento desse transtorno cria a oportunidade de intervenção ao longo da infância e adolescência melhorando a qualidade de vida enquanto adulto. Se não identificados e não tratados, os transtornos ansiosos na infância e na adolescência apresentam um curso crônico prosseguindo para idade adulta.
 Como identificar a necessidade de começar o tratamento?
Com relação às crianças, os pais, professores, devem estar atentos aos comportamentos já citados e se necessário procurarem avaliações de profissionais para diagnóstico e tratamento adequado.  Nos adultos normalmente já existe um histórico de desenvolvimento do transtorno, havendo altos níveis de desconforto diante de situações sociais como já citado. Normalmente é através do desconforto que se instala a necessidade de iniciar um tratamento. Outro ponto a ser observado é a quanto tempo estão presentes os sintomas, se essa ansiedade for persistente e atingir o indivíduo há mais de 6 meses deve haver acompanhamento e observação  com profissionais  adequados, quais sejam, psiquiatra e psicólogo.
 Como é o tratamento de uma pessoa com fobia social?
A terapia cognitivo comportamental e a farmacologia, segundo a literatura científica, hoje são as principais intervenções terapêuticas para os quadros de fobia social. No que se refere a psicoterapia, o tratamento cognitivo da fobia social foca inicialmente na modificação de pensamentos negativos e mal adaptados que contribuem para o comportamento de evitação social. Neste sentido é fundamental a psicoeducação oferecendo ao paciente informações sobre o transtorno e o tratamento.
A terapia cognitivo comportamental através das suas técnicas auxilia o fóbico social em uma readaptação, identificando experiências que influenciaram no desenvolvimento da doença, pois assim, o profissional pode tornar o paciente apto a enfrentar, aos poucos, situações sociais obtendo  uma  nova  forma de ver a vida mais saudavelmente,  resinificando as experiências negativas e beneficiando o surgimento de experiências positivas no meio social, ou seja, o condicionamento, que antes era negativo, passa a ser positivo. Neste sentido, pode ser usado como técnica de enfrentamento, a exposição gradual à situação temida. No tratamento o terapeuta tomará uma postura colaborativa e ativa e poderá usar de vários recursos oferecidos pela terapia cognitivo comportamental.
 O que pode ser feito para prevenir o aparecimento desse tipo de transtorno social?
A prevenção consiste, inicialmente, em estar atento a sinais de isolamento e ansiedade em excesso desde a infância. Ressalto que os filhos de pessoas que sofrem desse transtorno, fazem parte do grupo de risco, por compartilharem a carga genética e ainda dividirem o mesmo ambiente e vivências que podem influenciar diretamente na criação e comportamentos dos filhos diante de situações de exposição social.
A prevenção também pode ser realizada em escolas, através de trabalhos de grupos, dinâmicas, para que naturalmente as crianças adquiram habilidades sociais que, quando vivenciadas, trazem um aprendizado mais eficaz.
As pessoas que sofrem a fobia social, geralmente tem dificuldade na busca de auxilio profissional. Mas é importante conscientizar que a demora ou não realização do tratamento adequado, por psicólogo e psiquiatra quando necessário, contribui para a evolução do transtorno, prejudicando todo tipo de relação social e pessoal. Deste modo, caso se identifique com os sintomas, procure um médico ou profissional de psicologia, capaz de indicar o melhor tratamento, e assim, contribuírem para uma melhor qualidade de vida.

Comentários